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Respeito: o ingrediente essencial das relações harmoniosas


Num mundo onde as relações interpessoais se tornaram cada vez mais frágeis e conflituosas, o valor do respeito está em falta. Especialmente no âmbito familiar, é vital resgatar essa noção para promover a convivência saudável e pacífica. Além dos desafios cotidianos da interação humana, somos constantemente confrontados com debates ideológicos que muitas vezes se resumem a meras provocações, sem qualquer aprofundamento ou propósito construtivo. Parecem ser apenas jogos de palavras com o intuito de gerar conflito em torno de causas insignificantes, criados por indivíduos "insignificantes" movidos por interesses egoístas e desconectados da realidade. Eles agem como marionetes, defendendo cegamente algo que, quando confrontado com fatos, se dissipa como o sangue de uma veia cortada.

No entanto, para encontrar uma solução duradoura para esses embates, precisamos adotar uma abordagem mais humanista. É necessário resgatar o respeito mútuo como base para qualquer discussão. Afinal, é impossível alcançar um entendimento saudável quando a troca de ideias é permeada por confrontos e desrespeito.

A inteligência está em reconhecer que respeitar opiniões divergentes não significa concordar com elas, mas sim abrir espaço para o diálogo e a compreensão mútua. Quando nos permitimos ouvir o outro lado com empatia e colocar nossas próprias crenças em perspectiva, construímos pontes em vez de barreiras.

A divergência de pensamentos é um elemento indispensável no processo de evolução da humanidade. É através do confronto de ideias que somos capazes de transformar suposições em realidade. Um exemplo notável desse processo é Thomas Edison, que realizou inúmeros experimentos até finalmente inventar a lâmpada. Não podemos subestimar o poder da iluminação, tanto no sentido filosófico quanto literal. Ao enxergarmos com clareza, somos capazes de compreender a verdade dos fatos. Cada indivíduo possui seu próprio ângulo de análise sobre o mundo e os outros. Consideremos, por exemplo, o cristianismo: os seguidores dessa fé afirmarão que Jesus foi o ser mais iluminado a caminhar sobre a terra. No entanto, se olharmos para o budismo, seremos convencidos de que Buda atingiu o mais alto nível de iluminação. Essa balada de visões se repete em todas as religiões, com seus respectivos líderes importantes. O mesmo ocorre quando comparamos o catolicismo e as denominações evangélicas. Cada grupo defenderá com fervor sua própria perspectiva, argumentando que é superior à outra.

No cenário político, onde a desarmonia prevalece atualmente, encontraremos A elogiando fulano por sua defesa da família e da pátria, enquanto B descreverá seu preferido pelo seu compromisso com os menos favorecidos e sua postura de respeito à diversidade. O confronto de visões se dá de forma semelhante ao defensor, com o discurso do líder encarnando o desejo reprimido desse indivíduo.

Em resumo, a divergência de pensamentos é essencial para o progresso humano. Devemos encarar as perspectivas diferentes de forma respeitosa, reconhecendo a importância de cada uma delas na busca pela verdade e pelo avanço da sociedade.

Nada há de incomum em termos ídolos na vida. A história nos mostra que, desde os tempos antigos da Grécia, as pessoas tinham suas crenças e seguiam diferentes divindades. Muitas vezes, à primeira vista, podemos pensar que isso é uma perda de tempo. Afinal, quem em sã consciência adoraria um deus com cabeça de touro e corpo humano, como o Minotauro, ou uma serpente de ouro? Cada ser humano possui suas próprias convicções, pois somos seres diferentes e, como tal, pensamos de maneiras distintas. O ato de pensar é um tributo individual e intransferível, e é por isso que deve ser respeitado. No entanto, isso não significa que devemos concordar cegamente com essas convicções.

Começa aí o dilema: como bem ponderou Descartes com seu famoso "penso, logo existo", a existência é construída a partir de seres que nascem puros e vão se moldando, ou até mesmo se contaminando, pelo meio em que estão inseridos.

Afinal, ou você se identifica com uma tribo, como Maffesoli tão bem descreve em suas análises da vida na pós-modernidade, ou busca por outra tribo. Aqueles que não se encaixam em nenhuma tribo, acabam isolados em seus próprios pensamentos, não necessariamente errados, mas desejando viver de acordo com seus ideais.

Às vezes, penso que é melhor ser cego e silencioso diante daqueles que querem confrontar sem argumentos, sendo um messias de causas duvidosas, um charlatão que fala de Deus mas age de forma maliciosa, ou até mesmo aquele que defende minorias e os pobres, mas age em benefício próprio como um privilegiado.

Sem dúvida, em meio a tantas tempestades, é melhor respeitar, pois divergir apenas por divergir gera discórdia. Ou estabelecemos elementos de discussão com bases sólidas, como história e ciência, ou nos calamos para não sermos considerados tolos ou pensarmos que o outro é tolo.

Imagino quanto Jesus deve ter se desdobrado, pois ao lermos os evangelhos, embora haja uma certa harmonia dos fatos, recheada de romantismo e alegorias, não posso deixar de imaginar a cena de Jesus tocando o coração de Pedro e André. Não foi um ato instantâneo. Provavelmente, foram necessárias inúmeras conversas, argumentos e enfrentamentos ponderados e contrários de sua família, para que eles decidissem seguir Jesus em seus objetivos.

E assim como eles, somos também responsáveis por nossas próprias ambições e atitudes, desde que não prejudiquemos o próximo. Se a divergência for irreconciliável, é melhor se afastar. Afinal, é preferível o respeito à distância do que a presença tóxica.

Nenhum noivo abandonado no altar casa-se novamente com a mesma noiva, a menos que a paixão seja tão avassaladora que ele consiga perdoar o ato desrespeitoso. Contudo, devemos lembrar da parábola das virgens previdentes, que esperavam o noivo com suas lâmpadas acesas, enquanto as que adormeceram e não fizeram suas reservas e não acreditaram que ele viria, ainda se encontram a esperar sua volta.

Devemos sim respeitar o outro, mas jamais concordar com tudo que vá contra nossas crenças. É necessário o diálogo, pois o monólogo é ditatorial e enganador na maioria das vezes. E ao exercermos nosso discernimento, devemos sempre lembrar que o outro é o outro. Ele não precisa necessariamente pensar como nós. Hoje em dia, resolver as discordâncias está mais fácil. Basta se afastar ou até mesmo cancelar e colocar em modo de espera aquilo que não está de acordo com o que acreditamos e podemos defender sem nos envergonhar. Não queremos nos tornar santos de pau oco, belos por fora, idolatrados, mas com um grande espaço interior para esconder a ignorância e o desrespeito. Essas duas mazelas só podem ser combatidas pelo amor e pelo perdão.

Portanto, que possamos escolher a inteligência de sermos agentes de respeito em nossos relacionamentos, incentivando um ambiente de convivência saudável, onde a troca de ideias seja enriquecedora e não divisora. Pois, somente assim, poderemos reconstruir os laços de harmonia e compreensão que tanto necessitamos.7


Um Sonhador Caminhando com Francisco – Escritor do Blog https://www.caminhandocomfrancisco.com/


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