💒Nosso Santo Antônio e a Vila dos Sonhadores
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Santo Antônio, meu velho amigo, senta aqui um pouco ao meu lado, debaixo desse pé de sombra que o tempo não conseguiu apagar. Tenho tanta coisa pra te contar. Coisas simples, como tudo que tu sempre gostou. Coisas de Tatetos.
Era por volta dos anos de 1950, quando o som das águas do riacho ainda disputava espaço com o canto dos grilos e o farfalhar dos grandes pinheirais. Era mata fechada, densa, pura. E foi ali, bem ali onde hoje ecoam os sinos da nossa igrejinha, que um povo sonhador começou a chegar. Gente de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul… famílias inteiras carregando mais esperança do que malas.
— “E como eram essas famílias, meu filho?” — imagino o senhor perguntando, com aquele olhar manso e curioso.
Ah, Santo Antônio… eram famílias grandes, de mãos calejadas, fé miúda no começo, mas que logo se agigantava com a ajuda do senhor. Trabalhavam duro, viu? Nas serrarias que se multiplicavam no meio do mato, transformando troncos em esperança. A madeira beneficiada se tornava casa, escola, igreja. E o milho e o trigo que plantavam viravam farinha no moinho colonial, que também servia de ponto de encontro, de conversa, de partilha.
Nascia ali, entre serras, farinha e oração, a Vila de Tatetos. Hoje Distrito, antes parte do município de Marmeleiro, agora coração vivo de Flor da Serra do Sul. Um lugar onde o comum sempre foi a unidade. Onde cada um sabia o nome do outro — e o nome do outro era parte de si.
E foi assim, Santo Antônio, que o senhor foi ganhando lugar na alma desse povo. Não só como o casamenteiro — que aliás, fez um bom serviço por aqui — mas como o amigo dos pobres, o protetor das famílias numerosas, o intercessor dos esquecidos, aquele que ajuda até a encontrar o que a gente perde no fundo da alma.
No meio disso tudo, nasceu um tal de Clube Havaí — nome bonito, né? Ali a bola rolava nos campos, os bailes animavam os corações, e as matinês faziam os olhos das moças brilharem. Era alegria misturada com polenta e pão assado no forno à lenha. Tinha dentista prático, o bar azul, o moinho que trocava farinha por grão e sonho. E em tudo, uma constância: a fé. O terço rezado em família, o rádio ligado na esperança de um mundo melhor.
— “E hoje, meu filho, o que restou disso tudo?” — o senhor me pergunta, já sabendo a resposta, mas querendo ouvir da minha boca.
Hoje, meu Santo, restou o essencial. E o essencial não se apaga com o tempo. A festa que celebramos todo 13 de junho é mais que uma tradição: é um reencontro com a alma da nossa história. É o dia de voltar pra casa — mesmo que a casa agora more em outro bairro, outra cidade ou só no peito. É o bolo do Padroeiro, o leilão animado, o pudim da vizinha, o terço cantado, a fé renovada.
É dia de lembrar que aqui não há passado esquecido — há presente agradecido. Que mesmo com toda essa tecnologia, com redes e fios e nuvens digitais, o que nos conecta de verdade ainda é o olho no olho, o cheiro do pão, o abraço apertado. E o senhor, Santo Antônio, como elo de tudo isso.
Agora que moro aqui, nesse sítio tranquilo onde o tempo tem outro ritmo, percebo que a festa é mais que celebração — é um ensinamento. De comunhão. De comunidade. De que ainda é possível viver com fé, com partilha, com simplicidade. Que ainda dá tempo de ser humano em um mundo tão desumanizado.
Então, meu querido Santo Antônio, deixa eu terminar essa conversa com um convite: no dia 15 de junho, venha ver com seus próprios olhos o que plantou aqui. Traga sua bênção — pro pobre, pro perdido, pro apaixonado e pro que ainda busca amar. Traga o seu jeito simples de nos lembrar que viver é isso: reencontrar-se, rezar junto, comer bolo, dançar uma moda e agradecer por fazer parte de algo maior.
Participe você também, convide seus amigos, celebre conosco a grande Festa do Padroeiro Santo Antônio, em Tatetos. Porque aqui, a fé e a festa caminham de mãos dadas.
E como o senhor bem sabe:“Se perdeu, pode achar. Se és pobre, tens um intercessor. E se o coração anda só… o senhor dá um jeito.”
Até lá, Santo Antônio. E obrigado. Sempre.
🙏 Um Sonhador, Caminhando com Francisco
Muito lindo.Eu tive o prazer de jogar pelo Havaí,lembro-me do clube,do campo,de muitas pessoas queridas aí do nosso Tatetos.Fica,pra mim,saudosas lembranças.Fique com Deus,estimado Paulo.Deus lhe(s)derrame,chuva de bençãos!
Que lindo isto.