Cada Criatura Tem um Nome no Coração de Deus
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Francisco não via os animais como parte da paisagem.Via-os como alguém, não como algo.
Talvez por isso tenha amado tanto o Natal.
No presépio que ele criou, não havia tronos nem palácios — havia uma família simples, um estábulo, animais silenciosos e a vida acolhida como dom.
Quando chamava o lobo de irmão, os pássaros de irmãs, o cordeiro de companheiro, Francisco não romantizava a criação. Revelava uma verdade esquecida: toda criatura carrega uma dignidade que não nos pertence conceder — apenas reconhecer.
Na lógica do mundo, nomear é dominar.Na lógica do Evangelho, nomear é amar.
Dizer que cada criatura tem um nome no coração de Deus é afirmar que nenhuma vida é anônima.
Que nada existe por acaso.
Que até o mais pequeno participa do mesmo mistério que envolveu o Menino de Belém: o mistério de ser querido, cuidado e chamado à existência por amor.
O Natal recorda isso com força silenciosa.Deus escolheu nascer cercado de simplicidade, fragilidade e criaturas que nada possuíam — mas pertenciam. Não escolheu o brilho, mas a proximidade.
Francisco compreendeu isso não por estudo, mas por comunhão.Aproximou-se tanto da criação que deixou de se sentir superior a ela.
Talvez por isso tenha sido tão livre.
Vivemos tempos em que os animais são reduzidos à função, consumo ou entretenimento. Francisco, ao contrário, via-os pelo que são: criaturas queridas, participantes da mesma fraternidade que nasce no presépio.
Essa consciência transforma tudo.Transforma o modo como tocamos a terra.Como tratamos os animais.E como nos aproximamos uns dos outros.
Não é possível celebrar o Natal e permanecer indiferente à dignidade da vida.
A fraternidade é uma só — ou não é.
Francisco nos aponta um caminho simples e urgente:o da reverência,do cuidado,da convivência respeitosa.
Cada criatura tem um nome.
Cada vida importa.
Cada existência é um dom confiado, não uma posse.
Talvez o Natal seja, mais uma vez, o convite a reaprender isso — antes que o silêncio das criaturas se torne ausência.
Que neste Natal eu aprenda a reconhecer o nome que Deus sussurra em cada forma de vida.




Parabéns Paulo, belas palavras.