Nas paragens de um rincão abençoado por Deus, vivia Floriano, um homem de fibra, que junto à sua esposa, dona Florinda, transformou a Estância Flor Feliz no campo de suas maiores conquistas.
Durante 20 anos, Floriano e dona Florinda dedicaram alma e coração àquele pedaço de chão. Não apenas melhoraram os acessos e construíram moradias, mas também levaram esperança a cada canto da estância.
Sob seus cuidados, floresceram dois centros comunitários para idosos, centros comunitários e igrejas no interior da estância, além de uma creche, uma área de lazer, uma escola e até uma biblioteca.
Criaram programas voltados aos estancieiros que cuidavam da terra, promoveram a saúde de crianças e mulheres, protegeram nascentes e fontes, e trouxeram novas formas de emprego para a comunidade.
Em meio a tantas ações, transformaram a vida dos moradores da Estância Flor Feliz.
Mas, como o vento que muda de direção, o destino trouxe uma reviravolta. O povo da estância, em um movimento democrático, escolheu uma nova liderança.
Floriano, com o coração pesado, viu-se afastado do papel de capataz. Agora, ele e dona Florinda, com filhas para criar e sonhos por retomar, estavam na encruzilhada da vida.
Precisavam encarar a estrada, retomar os estudos, lidar com pendências judiciais e buscar novas oportunidades. No silêncio de sua alma, Floriano se perguntava: "Abandonei a estância ou foi ela que me abandonou?"
A vida de capataz nunca foi fácil, e os que antes o chamavam de líder agora o viam de longe. Alguns perguntavam: "Por que ele não volta e luta por este chão que tanto amou?"
Mas Floriano sabia que os tempos mudaram. Ele não era um brinquedo nas mãos de ninguém; sua honra e liberdade falavam mais alto. Ele sabia que o verdadeiro líder reconhece o momento de deixar o campo.
Com dona Florinda ao seu lado e suas filhas, seguiu em frente. O tempo trouxe a purificação que Floriano tanto buscava. A justiça devolveu-lhe a paz.
Hoje, vive cercado pela família, especialmente pelos netos, que lhe devolveram a esperança. E ainda se pergunta, no fundo da alma: "Abandonei ou fui abandonado?"
Talvez a resposta não importe. O que importa é o legado que ficou, as flores que Floriano e dona Florinda plantaram e que floresceram no jardim da vida.
E você leitor, (estancieiro ou não), já refletiu sobre as sementes que Floriano e dona Florinda plantaram, florescendo nos canteiros de suas vidas?
Após a despedida do Floriano e da dona Florinda, quantas novas flores desabrocharam?
Será que as cores e o brilho ainda mantêm o mesmo encanto que outrora guiava seus passos, dando sentido a um caminho que parecia destinado a ser algo grandioso?
Será que foram eles que escolheram deixar o jardim, ou foi o próprio jardim que os esqueceu, levando suas raízes ao sabor do vento?
E você, ao contemplar os jardins da sua própria jornada, já parou para refletir sobre as escolhas que fez? Talvez, assim como Floriano, também se pergunte: foi ele quem partiu ou foi o mundo ao seu redor que o deixou para trás?
Um Sonhador Caminhando com Francisco - Escritor do blog https://www.caminhandocomfrancisco.com/
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