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🌾 Vozes da Terra: Uma Roda de Conversa no Coração de Tatetos

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Era fim de tarde em Tatetos, e o céu parecia guardar segredos entre as nuvens cor de milho maduro.Na beira do campo do antigo Clube Havai, o vento assobiava como quem queria contar histórias. E contou.

Ali, entre as tábuas do salão de madeira com dois andares — onde o piso de cima ainda guardava os ecos dos bailes e matinês — formou-se uma roda invisível, mas tão real quanto a fé que os unia. Era feita de memórias, risos e coragem. E, se os olhos não viam, o coração sentia: os pioneiros estavam de volta.

— “Lembram do bolão lá embaixo?” — provocou o velho Bevilácqua, puxando o fio da saudade ao lado dos amigos Toscan e Cavalli, enquanto suas esposas — acenavam com o olhar cúmplice de quem viveu tudo com doçura e força.

— “Se lembro!” — respondeu Santin, ao lado de dona Carmela, com um sorriso que brilhava como nos dias de festa. — “O cheiro de madeira encerada, as risadas, o barulho das bolas batendo… E nós preparando os doces na cozinha enquanto os homens jogavam cartas.”

— “E os bailes?” — suspirou o sr. Pavan, ajeitando o chapéu invisível. — “A gente dançava até o sol querer nascer. E o salão fervia com as sanfonas dos Ferrarini, os passos dos Pelegrini, dos Mascarello e dos Ferreira, e as moças com vestidos rodados, como as irmãs De Costa, Zuchello, Carboni...”

Claro! Aqui está o trecho reescrito com mais lirismo e riqueza sensorial, mantendo a emoção e o espírito da época:

— “Ah, o futebol... essa era outra história,” sorriu Zanella, com o olhar perdido na lembrança.— “Camisa verde médio bem passada pela mãe, short branco encardido de tanta luta, meia enrolada até o tornozelo e chuteira só quem tinha sorte — senão, era na raça mesmo, pé rachado no barro do campo. E cada gol era como levantar uma taça de esperança.”

— “Cerati, Loff, Luza, Siqueira, Camargo… era sangue nos olhos e alma no peito,” completou, emocionado.— “E a torcida? Das mais fervorosas! Vinham sacudindo poeira na carroceria do caminhão do Marcelino, com bandeiras improvisadas e coração batendo junto com o apito do juiz.”

— “E o Reina?” — lembrou Rimoldi, com reverência. — “Sempre com um livro na mão. Um dia ele disse:‘O livro não é segredo, sempre traz caminhos a ser conhecido.’ Nunca esqueci.”

As mulheres sorriram. Elas sabiam que também escreveram essas páginas com mãos calejadas de ternura.Todos riram. Choraram um pouco também. Porque sabiam que aquela roda era mais do que lembrança — era bênção plantada com amor.

Foi então que surgiram dois caminhantes pela estrada de chão, acompanhados por um terceiro, com passos firmes e coração sereno.Santo Antônio, São Cristóvão e o Ministro da Igreja, Moroni, caminhavam lado a lado, envoltos pela luz do entardecer, como quem vem confirmar o sagrado na simplicidade.

Pararam ao lado do velho Clube Havai, agora banhado por uma luz suave que parecia vir da própria memória viva da comunidade.

— “O tempo levou seus corpos,” disse São Cristóvão, com a voz cheia de ternura, “mas jamais apagará o que semearam.”

— “O que fizeram aqui é eterno,” completou Santo Antônio. “Construíram mais que um clube: criaram um lar para a fé, o encontro e a amizade.”

Moroni então, com os olhos marejados pela presença dos que vieram antes, tocou levemente a madeira da varanda e murmurou:

— “Aqui, cada tábuinha guarda uma prece. Cada riso, uma bênção. Que essa história nunca se perca, mas floresça sempre no coração dos que continuam.”

— “E não é que ainda está de pé?” — sussurrou o sr. De Costa, emocionado. — “Tem festa amanhã!”

— “Sim,” disse Seler com o peito inflado. — “A Festa do Colono e do Motorista. Vai ter bênção dos veículos, almoço típico, e música no salão!”

— “Os jovens continuam a dança,” sorriu Bernardi, ao lado da esposa dona Alice. — “E os motoristas seguem cruzando o Brasil com coragem. Os agricultores ainda rezam antes de plantar. Nossa chama vive!”

— “Então deixem um recado para eles,” sugeriu Santo Antônio.

E os pioneiros, com os olhos marejados e a alma leve, disseram juntos:

✨ “Queridos filhos, netos, amigos e vizinhos:

Continuem!A chama que acendemos é agora sua.Dancem com alegria, plantem com fé, dirijam com esperança. E celebrem!

Amanhã, dia 27 de julho, no nosso querido Clube Havai, dancem por nós também.E se puderem, leiam a nossa história. Porque enquanto se lembra, ninguém morre.Nós seguimos vivos, em cada riso, cada passo de baile, cada gol marcado na terra que tanto amamos.” ✨


Um Sonhador, Caminhando com Francisco: Paulo Roberto Savaris é autor dos eBooks: Caminho de Francisco, Entre o Céu e o Silêncio e o Segredo da Simplicidade Franciscana na Amazon Série Descubra Caminhando com Francisco  e do Blog Caminhando com Francisco, dedicado à educação, à escrita inspirada na espiritualidade e nos valores de simplicidade e amor ao próximo.

 

 
 
 

2 comentários

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Milton Francisco Perondi
27 de jul.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Realmente,o Clube Havaí tem muita história.Cheguei a jogar alguns anos pelo Tatetos.As pessoas citadas marcaram gerações.Linda passagem de Saudosas Lembranças!

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Convidado:
26 de jul.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Muito bom ser lembrado dos nossos que deixaram seu legado na nossa Tatetos! Obrigado 🤝gratidão 🙌

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