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O Peão que se achava esperto

Foto do escritor: caminhandocomfrancisco.com/ caminhandocomfrancisco.com/

Atualizado: 9 de nov. de 2023


Era uma vez, em uma estância às margens do Rio da Prata, onde um peão acreditava ser o mais esperto de todos. Porém, a estância estava enfrentando problemas devido às faltas frequentes de alguns peões. O capataz, intrigado com a situação, decidiu investigar mais a fundo e analisou os relatórios escritos a carvão nas paredes do centro administrativo.

Após minuciosamente examinar todos os relatórios, o capataz percebeu que um trabalhador faltava três vezes por mês, enquanto a regra permitia apenas uma falta sem desconto salarial para afazeres pessoais. Além disso, eram necessárias justificativas plausíveis para os outros dias de ausência. No entanto, esse peão em particular, elevou essa estratégia a outro nível. Ele era conhecido como o "leitão deitado-mestre do desaparecimento" e estava sempre indisponível quando precisavam dele.

Além da falta sem desconto, ele apresentava justificativas criativas, como atestados assinados pelo dentista prático da região ou até mesmo pelo farmacêutico, em um pedaço de papel de embrulho. A desculpa esdrúxula era sempre a mesma: dor de dente e uma doença chamada "safadeza", uma gripe super rara.

O capataz já vinha observando esse peão e, um dia, ouviu um burburinho na roda de chimarrão dos outros trabalhadores. Segundo um colega, ele havia sido visto indo a todo vapor em direção à cidade, montado em um cavalo e com um bichinho de estimação na garupa.

Parecia que ele tinha decidido fazer um tour completo, levando o bichinho para tosar, comprando roupas novas e até fazendo um corte de cabelo estiloso na barbearia do Aureliano. E, é claro, dando uma boa trolada no capataz.

O capataz, não querendo confrontar o peão imediatamente, decidiu anotar todos esses acontecimentos para tomar uma medida administrativa posteriormente. Esse peão se achava o mais ético de todos, como se fosse o dono do pedaço, ignorando os outros e sempre achando estar certo. Os demais peões tinham apenas um respeito superficial por ele, evitando qualquer confrontação para evitar ofensas.

O capataz foi paciente e esperou o momento perfeito. Ele tinha certeza de que, mais cedo ou mais tarde, o peão cometeria um erro que custaria o seu emprego. No entanto, mesmo com todas as mentiras e trapaças, o peão conseguiu se safar e garantir sua aposentadoria. Embora tenha evitado as punições oficiais, seus atos desonestos mancharam sua reputação e legado. Infelizmente, já era tarde demais para se redimir.

No fim das contas, somos nós que escolhemos o tipo de pessoa que queremos ser e como queremos ser lembrados. Se agirmos com justiça e integridade, seguimos adiante sem medo. Porém, se nossas ações forem puramente maliciosas, é preciso pensar duas vezes antes de manchar nossa reputação publicamente.

O tempo é um mestre em revelar as verdades e chegou o momento em que o peão teve que prestar contas ao Pai Celestial por suas artimanhas. Infelizmente, só quando chegamos ao final de nossa jornada neste mundo, quando nossa biografia é lida, é que tudo se esclarece.

Curiosamente, apenas nossas conquistas são destacadas, enquanto nossas maldades e trapaças permanecem ocultas, esperando para serem reveladas tanto no além-túmulo quanto na mente daqueles que sofreram as consequências dessa falta de ética e responsabilidade. É verdadeiramente surpreendente como tantos "peões" conseguem se safar usando esses truques. No entanto, não se deixe enganar, pois a verdade sempre se manifesta e expõe todas as ilusões. É uma oportunidade para refletirmos sobre o tipo de "peão" que queremos ser lembrados: o profissional humilde e honesto, que desempenha suas funções com responsabilidade, ou aquele que parece uma águia, mas age como uma raposa.


Um Sonhador Caminhando com Francisco – Escritor do Blog https://www.caminhandocomfrancisco.com/




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