Era uma vez nos tempos da brilhantina, dos seminários lotados de jovens e dos botecos com palpiteiros ao redor do trago de cachaça. Como em todo ambiente onde há pessoas, há divergências de opiniões, umas mais ilustradas, outras mais filosóficas e as mais populares.
No entanto, um dia, em meio a argumentos, o homem letrado não conseguiu conter suas tiradas racistas. Ele elevou sua etnia e depreciou as outras enquanto ridicularizava os pobres. Já Vírgulino, um homem simples, mas experimentado pela vida, não era muito afeito ao trabalho, mas não deixava sua prole passar por privações.
Depois de anos ouvindo as mesmas coisas, no boteco do “passarinho”, Vírgulino finalmente encontrou uma resposta perfeita.
Em uma discussão memorável, que até Sócrates aprovaria, o homem letrado lançou uma ofensa racista contra ele. Ele afirmou que Vírgulino e sua "raça" eram desprezíveis porque vieram da África em porões de navios para serem escravizados no Brasil.
Mas Vírgulino não se deixou abalar e devolveu com expertise: "E vocês que vieram da Europa em cima de uma polenta, remando com uma folha de radiche, eram escravizados pelas privações em seu país, agora querem nos escravizar novamente".
No final, os dois homens perceberam que ofensas raciais não fazem o mundo ser um lugar melhor. Cada povo tem sua própria cultura e características, e cabe aos homens de boa vontade combater preconceitos com argumentos e empatia, sempre evoluindo juntos.
Um sonhador Caminhando com Francisco
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