🌟 — N-n-não… que-que… que… eu s-s-sou da A-Anchieta! – Um Causo da Vila do Povo Feliz
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Conto inspirado em histórias reais, com consentimento e muito bom humor!
Fim de tarde, domingo quente de verão. Era final dos anos 70, tempo de matinês nos clubes da região, onde a juventude se reunia para dançar, rir, paquerar e, vez ou outra, resolver as rusgas que o futebol e os amores cruzados deixavam no ar.
Naquela tarde, o cenário era o clube de uma cidade vizinha. A música já dava sinais de cansaço, e o cheiro de laquê, suor e perfumes baratos ainda flutuava no salão. Os ânimos estavam mais acalorados que os embalos de sábado à noite — tudo por conta de um jogo pegado na semana anterior e de um certo namoro que cruzou fronteiras sem autorização.
Entre os muitos jovens presentes, estava o rapaz da Vila do Povo Feliz, filho do seu João do Bar — aquele boteco famoso por vender fiado pra quem não devia e ter sinuca com bola torta. O menino, conhecido por sua fala pausada e sincera — pois a gagueira era sua companheira desde os tempos do catecismo — sempre preferia observar do que participar daquelas rixas de juventude.
Mas naquela tarde, o caldeirão ferveu. Um empurra aqui, um empurra ali… e pronto! O som da música foi substituído pelo barulho seco de socos, gritos e correria. E lá estava ele, o nosso protagonista, encostado perto da copa, com um copo de cuba na mão, vendo tudo como se fosse um filme.
Só que o filme ganhou nova cena quando um valentão de outra cidade o avistou. Com o rosto suado e olhar inflado de raiva, veio em sua direção com dedo em riste:
— E você aí, também é da Vila do Povo Feliz, né? Vai querer também?
O silêncio pairou. Os que ainda estavam por perto congelaram. O nosso amigo arregalou os olhos, engoliu seco, e respondeu com a calma de quem sabe se salvar:
— N-n-não… que-que… que… eu s-s-sou da A-Anchieta!
Silêncio. E então… uma gargalhada geral. Até o briguento se desarmou, soltando um riso involuntário. A pancadaria esfriou, a situação desanuviou, e o bordão foi eternizado.
Hoje, décadas depois, esse pedreiro honesto e querido, morador da região de Flor da Serra do Sul, ainda é lembrado com carinho por essa cena que marcou gerações. Entre amigos de infância, aquele “n-n-não… que-que… eu sou da Anchieta” virou senha de boas memórias, de tempos de inocência, de amizades sinceras e dos causos que fizeram a Vila do Povo Feliz ser… feliz de verdade.
🙏 Um Sonhador, Caminhando com Francisco
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