top of page

🌾 Dois Santos e o Coração Verde de Tatetos

ree

Num fim de tarde manso, onde o céu parecia repousar sobre os campos sem pressa, dois santos caminhavam lado a lado pelas estradas de chão batido do sul do mundo.

Santo Antônio, com seu sorriso de compaixão e o coração atento aos pobres, aos esquecidos e aos que perderam algo dentro da alma.E São Cristóvão — o grande protetor dos que trilham caminhos — padroeiro dos colonos que cultivam a terra com fé, e dos motoristas que cortam as estradas com coragem, levando no peito o peso e a beleza do Brasil profundo.

Pararam os dois no alto de uma colina em Tatetos. E olhando o vale, viram mais do que lavouras. Viram histórias plantadas com suor, colhidas com esperança.

— “Aqui tudo começou nos anos de 1950”, disse Antônio, com ternura. “Eram famílias vindas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina... Carregavam pouca bagagem, mas muita coragem. E uma fé que se firmava na terra como raiz de araucária.”

Foram abrindo clareiras na mata brava. Construíram casas de madeira, moendas, igrejinhas. E com mãos calejadas, semearam milho, trigo e destino. O moinho colonial moía mais que grãos — moía medos, e devolvia partilhas.

Entre farinha, serraria e oração, brotou também a alegria. E com ela, nasceu o Esporte Clube Havaí — não uma ilha distante, mas um abrigo no coração do distrito. O verde da sua bandeira lembrava esperança e colheita boa. Ali se jogava bola, se dançava, se apaixonava. Os bailes e matinês aqueciam os corações dos jovens sonhadores, enquanto o pão saía quentinho do forno à lenha e o bar azul servia risos e encontros.

— “O que plantaram foi mais do que lavoura,” disse São Cristóvão, “plantaram comunhão.”

Com o tempo, veio o asfalto, os caminhões, as cargas e os caminhos longos. Os motoristas passaram a carregar as riquezas que os colonos faziam brotar do chão.E a comunidade, fiel às suas raízes, criou a Festa do Colono e do Motorista — um tributo vivo a quem sustenta o país com trabalho e fé. Um dia para agradecer com música, comida farta, orações e alegria.

E o clube? Ainda está lá. Firme. Um dos poucos que resistem ao tempo com o mesmo propósito que lhe deu origem: unir as pessoas. Celebrar a vida. Ser casa para os que acreditam no comum como semente de eternidade.

Santo Antônio olhou para São Cristóvão e sorriu:

— “Enquanto houver gente simples e unida, a chama seguirá acesa.”

E os dois santos, com os pés fincados na poeira da estrada e o olhar cheio de bênçãos, seguiram caminhando devagar — protegendo os que aram, os que guiam, os que sonham.Tatetos ainda pulsa. E pulsa verde. No campo, no coração e no tempo.


Um Sonhador, Caminhando com Francisco: Paulo Roberto Savaris é autor dos eBooks: Caminho de Francisco, Entre o Céu e o Silêncio e o Segredo da Simplicidade Franciscana na Amazon Série Descubra Caminhando com Francisco  e do Blog Caminhando com Francisco, dedicado à educação, à escrita inspirada na espiritualidade e nos valores de simplicidade e amor ao próximo.

 

 
 
 

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação

Caminhando com Francisco

caminhandocomfrancisco.com

©2023 por Caminhando com Francisco. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page