Despertar ou Tolice? Como Escapar das Bolhas e Escolher Sua Própria Rota
- caminhandocomfrancisco.com/

- 22 de ago.
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Vivemos tempos em que caminhar pelo meio do caminho — aquele espaço de lucidez que não se deixa capturar por extremos — tornou-se quase um ato de resistência. Olhar para os dois lados, sem se perder do horizonte, é talvez a única forma de não sucumbir aos desvarios oferecidos diariamente: ideologias rígidas, consumo desenfreado, religiosidade instantânea, promessas fáceis de sucesso, e até mesmo a sedução dos jogos de azar travestidos de oportunidade.
Tudo, no fim, é escolha. O livre-arbítrio, ainda que muitas vezes negligenciado, continua sendo nossa bússola. Como já lembrava Santo Agostinho em suas Confissões, “a verdadeira liberdade não está em fazer o que se quer, mas em querer o que se deve”. Essa distinção nos coloca diante da responsabilidade de discernir: que rotas estamos trilhando? Caminhos de despertar ou trilhas de tolice coletiva?
O Silêncio que Desvela
Silenciar não é omitir-se; é abrir espaço para ouvir o que realmente importa. Ao cessarmos o barulho, percebemos que não precisamos sofrer pelo que foge ao nosso alcance e que pertence ao íntimo do outro. Contudo, muitos se tornam guerreiros de batalhas alheias, defensores cegos de narrativas que sequer compreendem.
Nas sombras das redes sociais, nas entranhas da política e até mesmo nas disputas religiosas, fabricam-se ídolos com pés de barro. E, quando as máscaras caem, os mesmos que aplaudiam se transformam em juízes severos. A verdade, como lembrava Paulo de Tarso, sempre encontra uma forma de vir à tona.
As Bolhas e os Porões do Poder
O maior perigo talvez não sejam apenas os “salvadores da pátria”, mas os mecanismos que os sustentam. Por trás das bolhas digitais há verdadeiros porões do poder, onde se manipulam emoções e preferências em benefício próprio. A chamada economia da atenção e os algoritmos de engajamento não apenas alimentam ilusões: eles lucram com elas. Quanto mais tempo passamos dentro da bolha, mais previsíveis e controláveis nos tornamos.
Nessas bolhas, o veneno não é apenas a mentira — é a incapacidade de duvidar. Como alertava C.S. Lewis em Mero Cristianismo: “o orgulho leva a todos os outros vícios: é a completa antipatia de Deus”. E não é justamente o orgulho que nos faz incapazes de reconhecer que talvez estejamos seguindo a rota errada?
O Caminho do Meio: Discernimento Ativo
Falar do “meio do caminho” pode soar como neutralidade, mas não se trata disso. O meio não é uma zona de conforto ou um convite à passividade. É antes o espaço do discernimento ativo — aquele que exige coragem para criticar ambos os lados quando necessário, sem se deixar aprisionar por rótulos. É a lucidez de quem prefere caminhar com os olhos abertos, ainda que sozinho, a marchar em massa para o abismo.
Democracia, Fé e Consciência
Não precisamos de super-heróis de toga, de mitos fabricados ou de pais autoritários travestidos de líderes. Precisamos de algo mais simples e profundo: democracia respeitada, oportunidades reais para os mais pobres, valorização das mulheres, das minorias e respeito à fé de cada um.
E, acima de tudo, precisamos de integridade intelectual — aquela coragem de não assinar o atestado de tolo. A sabedoria não está em pertencer a uma bolha, mas em caminhar consciente de que sempre existem outras rotas possíveis.
O Tempo, o Grande Desvelador
Se a estrada se congestiona ou revela sinais de engano, mudar de rota não é covardia — é liberdade. O tempo, esse mestre paciente, sempre se encarrega de revelar as verdades que tentaram esconder. Como disse Sêneca em Sobre a Brevidade da Vida: “Não é que tenhamos pouco tempo, mas que perdemos muito”.
A questão é: quanto mais tempo estamos dispostos a perder vivendo na rota da tolice, ao invés de arriscar a estrada do despertar?
✦ Para refletir e interagir:
Você está na rota que escolheu ou apenas seguindo o fluxo da bolha que o cerca?
Quando a verdade surge, é para te libertar ou para te endurecer ainda mais?
Sua caminhada se define pela defesa cega ou pelo despertar consciente?
👉 Deixe nos comentários: qual foi a vez que você percebeu que precisava mudar de rota? Ou compartilhe uma experiência que quebrou a bolha em que você vivia. Sua história pode inspirar outros a encontrarem novos caminhos.




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