Nas relações interpessoais, é comum ouvirmos pessoas reclamando que sempre ajudaram, mas quando precisaram de ajuda, não foram correspondidas. Outra reclamação frequente é sobre pagar impostos e não receber benefícios em troca.
No entanto, a mensuração dessas questões é um desafio. Trata-se de um campo subjetivo, que requer uma análise a partir de diversas perspectivas. Nesse contexto, a sabedoria do provérbio popular se faz presente: ajudar sem considerar a quem e sem esperar retribuição. Afinal, essa é a postura inteligente a se adotar.
Assim como Vilfredo Pareto desvendou o segredo das proporções com sua regra do 80/20, podemos aplicar esta sabedoria em nossas próprias vidas. Imagine que 80% de nossas ações sejam as peças de um complexo quebra-cabeça, enquanto os 20% restantes seriam as chaves para abrir as portas que nos levarão ao sucesso. São esses 20% de ações que devemos priorizar, pois são elas que irão impactar verdadeiramente nossas trajetórias. Desvendar essa proporção é como descobrir uma mina de ouro, onde cada 20% de esforço aplicado nos trará resultados enormes e revolucionários.
Considerando essa premissa, a maioria das ajudas que recebemos se enquadra no que é considerado normal, ou seja, qualquer pessoa poderia ter feito. Já quando se trata de algo mais complexo, buscamos aqueles que fazem parte dos 20% - aqueles que ajudam sem esperar nada em troca, movidos pelo amor a uma causa e compartilhando dos mesmos ideais.
O grande dilema surge, principalmente no mundo político, quando muitos querem aprisionar aqueles aos quais “ajudaram”, mesmo que votar seja um dever cívico e os gestores devem retribuir através de serviços de qualidade.
Quantos cidadãos contribuem minimamente com os cofres públicos e já se beneficiaram de estradas, transportes, remédios e inúmeras cirurgias, mas ainda assim se lamentam por não terem sido ajudados! Quantos se consideram injustiçados, mas possuem uma condição melhor do que aqueles a quem estão reclamando.
Nesse jogo de forças, o equilíbrio é importante, pois é ele que demonstra que as forças são iguais - se eu ajudei, também fui ajudado.
Infelizmente, muitas pessoas tentam usar suas palavras para afetar emocionalmente os outros, acreditando que isso mostrará que a balança pende mais para o seu lado. No entanto, como seres humanos dotados de discernimento, devemos ser gratos, mas não devemos colocar pesos eternos de obrigação em algo que já foi compensado de maneira justa. Isso seria repetir o óbvio e considerar o outro tolo, como alguém que não pensa ou não se lembra de quando ajudou e foi ajudado.
No final das contas, a consciência prevalece, e é nela que devemos depositar nossa segurança para seguir em frente. E se houver dúvida, basta pensar naquele que carregou a cruz em nome da nossa redenção e que ainda hoje sofre os insultos daqueles que desejam vê-lo como rei, agindo em benefício de suas próprias ideias e tradições, sem considerar a diversidade do mundo.
Essas pessoas esquecem que o mundo é vasto e livre, permitindo que aqueles que desejam voar o façam sem restrições impostas por opiniões irrelevantes e superficiais.
Enfim, devemos abordar a questão das ajudas e das expectativas em relação a elas de forma inteligente e ponderada. É importante lembrarmos das ações que realizamos e das ajudas que recebemos, mas também devemos ter consciência de que o equilíbrio nem sempre é fácil de ser alcançado. Devemos buscar a gratidão e a compreensão, sem alimentar ressentimentos ou expectativas exageradas.
Um Sonhador Caminhando com Francisco - Escritor do blog https://www.caminhandocomfrancisco.com/
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