Costumamos associar a humildade ao comportamento daqueles que vivem à margem das circunstâncias, evitando confrontos e aceitando as coisas como normais, mesmo quando são inaceitáveis. Por sua vez, a simplicidade reside na arte de viver sem complicar, sem se deixar influenciar pelas tentações da sociedade materialista, mas com a sabedoria de aproveitar o que está ao nosso alcance para alcançar uma vida mais plena.
No entanto, é de extrema importância que ajamos de forma a minimizar o impacto em nossos semelhantes e no meio ambiente ao nosso redor. Infelizmente, poucos são aqueles corajosos o suficiente para adentrar o caminho da humildade e da simplicidade. Tal escolha exige renúncia e a capacidade de ignorar os apelos incessantes do mundo contemporâneo, que nos bombardeiam a cada clique, a cada conversa e a cada imagem, tentando nos colocar em determinada posição e nos seduzindo com as supostas vantagens criadas pelos produtores midiáticos, que visam influenciar com o intuito de vender seus produtos, muitas vezes abstratos, disfarçados de ideologias, nos levando a pensar como massa.
Na leveza da humildade, que dispensa o peso desnecessário, e na simplicidade do cotidiano, o ser humano livre é capaz de caminhar sem necessidade de atender aos desejos obscuros do outro. Ao nos refugiarmos em trincheiras que consideramos ideais para nossa própria vivência, reforçamos nossa busca por realizações pessoais que não carecem da aprovação da sociedade.
A verdadeira fonte de bem-estar reside em nós mesmos. O que os outros pensam são apenas reflexos de suas próprias ideias, sem nenhum impacto no mundo daquele ser humilde e simples, que vive em sua própria realidade. Ele seleciona com cautela o que lê, escolhe os alimentos que lhe fazem bem e se cerca de pessoas que acrescentam valor, deixando de lado o que lhe faz mal.
Contudo, ser humilde e simples não significa ser ignorante, mas sim possuir uma sabedoria que se assemelhe à natureza. É como dormir como os cães, mexer a terra como as minhocas e esperar pela água, sol e alimento todas as manhãs, como presentes da mãe natureza. Tudo isso acontece com a sabedoria e a prudência dos fios invisíveis que nos conectam ao ser superior.
Assim como o mestre Jesus nos ensinou, devemos olhar para os pássaros, que não plantam, não colhem e não armazenam, mas ainda assim recebem o suficiente diariamente. Busquemos cultivar uma humildade e simplicidade que rivalizem com as das aves, uma docilidade semelhante à dos cães e, é claro, a sagacidade dos gatos, para que não nos deixemos levar pela arrogância e pela busca por ganhos materiais efêmeros.
Devemos evitar a todo custo a apropriação desonesta das riquezas deste mundo, porque, no fim das contas, elas se mostram vazias e nos causam problemas. Ser humilde e simples não é apenas falar bonito, mas principalmente agir com coerência. E não acredite que carregar tais virtudes seja sinal de tolice; ao contrário, demonstra uma compreensão profunda de que o que realmente importa são nossas atitudes e não as coisas que acumulamos. No fim das contas, tudo o que ganhamos aqui fica aqui, e o único legado que nos resta é a marca que deixamos em nosso caminho.
Um Sonhador caminhando com Francisco
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