
Vivemos tempos de turbulência, onde as ideias e ideais parecem se chocar constantemente. O que fazer quando nossos pensamentos não encontram ressonância no mundo à nossa volta?
O ato de recolher-se, muitas vezes visto como fraqueza, pode ser uma profunda demonstração de amor próprio, uma forma de proteger nossa integridade espiritual.
Este movimento de introspecção não é uma rendição, mas uma escolha consciente de separar-se daquilo que não está em sintonia.
Se olharmos para a história do cristianismo, encontramos o maior exemplo dessa dinâmica em Jesus. Ele, que poderia ter transformado o mundo com um estalar de dedos, preferiu viver 30 anos em silêncio, preparando-se.
Quando finalmente se manifestou, foi por apenas três anos. E então, retirou-se. Aquele que poderia ter continuado a pregar e realizar milagres, escolheu não fazer "horas extras", mesmo sendo o Filho de Deus.
Seu propósito maior não estava na quantidade de suas ações, mas na profundidade e no impacto eterno delas.
Curiosamente, seu legado só foi reconhecido por completo 300 anos depois, quando Helena, mãe de Constantino, influenciou e se filho adotou o cristianismo como religião oficial de Roma.
Até então, aqueles que propagavam a mensagem de Jesus eram martirizados, perseguidos, incompreendidos. Eles andavam pelas terras áridas, com um cajado em uma mão e fé inabalável na outra, levando a boa nova.
Mas, ao não serem recebidos, seguiam em frente, sacudindo a poeira das sandálias, como orientados pelo Mestre: “Onde não entenderem, deixe-os e sigam adiante”.
Jesus nos ensina que há momentos de exposição, de falar ao mundo, e há momentos de recolhimento. Sua ausência física não diminuiu sua presença espiritual.
Pelo contrário, consolidou seu legado de forma indiscutível. Às vezes, estar ausente é um ato de sabedoria. É entender que o tempo, esse grande guardião da história, se encarrega de pôr tudo em seu devido lugar.
Não é necessário carregar o fardo daqueles que ainda não compreendem. Cada um tem seu tempo de amadurecimento, e muitas vezes o entendimento só chega com as lições da vida.
Hoje, diante de uma sociedade onde pensamentos se distorcem, onde as fake news confundem e as verdades são fragmentadas, lutar contra esse fluxo pode parecer uma batalha inútil.
A história, no entanto, não se apaga. Ela pode entrar no limbo por um tempo, mas eventualmente, quando a luz da verdade brilha, tudo se alinha.
Como o Mestre nos ensinou, às vezes é mais sábio retirar-se do que lutar contra correntes que só drenam nossas forças.
Persistir em solo infértil é desperdiçar energia. Plantar com discernimento é o caminho da sensatez.
E então, pergunto a você, leitor:
Em tempos de distopia, onde você está? Enfrenta as ondas ou escolhe a serenidade do recolhimento?
Quando a sintonia se perde, você persiste ou se permite recuar para fortalecer-se?
Está plantando em solo fértil ou desperdiçando suas sementes em terras estéreis?
A reflexão sobre esses pontos pode lhe trazer uma nova visão sobre a vida e o tempo. Afinal, recolher-se não é desistir, mas preparar-se para florescer no momento certo.
🙏 Um Sonhador, Caminhando com Francisco
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