
Vivemos em tempos em que estar certo parece ser uma necessidade quase visceral. A cada dia, somos inundados por textos, vídeos, gráficos e recortes cuidadosamente selecionados para provar um ponto de vista. Mas será que esse "estar certo" é realmente sobre a verdade? Ou será apenas uma retórica habilidosa, moldada para impressionar, magoar ou doutrinar?
A retórica, diferentemente da verdade, tem um objetivo claro: convencer. E, muitas vezes, convencer não é o mesmo que iluminar. É comum vermos argumentos baseados em fragmentos de fatos, isolados de seu contexto, usados como prova definitiva de uma ideia. Um gráfico que mostra apenas um recorte conveniente, um vídeo que omite as nuances, um texto que enfatiza o que interessa ao emissor – tudo isso pode conter uma fração de verdade, mas será que isso basta?
Pensemos na diferença entre quem busca compreender e quem apenas quer provar um ponto. Quem busca a verdade mergulha no todo, cruza informações, ouve o que incomoda, espera o momento certo para falar – se é que falar é mesmo necessário. Já aquele que apenas deseja estar certo agarra-se a suas convicções, muitas vezes emprestadas de uma ideologia ou grupo, e se envolve nas teias das próprias certezas. Nesse cenário, a verdade perde espaço, dando lugar a uma busca cega por reafirmação.
Até mesmo a matemática, que é exata por natureza, requer cuidado em sua interpretação. Um número isolado pode distorcer a realidade, representando apenas o que se deseja destacar, não o todo. Imagine, então, o perigo ao lidarmos com fatos subjetivos, históricos ou sociais, onde o contexto é essencial. A história, por exemplo, não perdoa inconsistências; mesmo aqueles que tentam revisioná-la acabam, muitas vezes, desmascarados com o passar do tempo.
Por isso, antes de compartilhar, questionar ou confrontar, que tal parar para refletir? Pesquisar mais, cruzar os fatos, guardar o que nos incomoda, checar nossos próprios equívocos. É preferível ser um tolo silencioso no momento presente – com a razão em maturação – do que um tolo eternizado por sua inconsistência e pressa em falar. O tempo, sempre soberano, é o grande aliado da verdade.
Paulo, em seus escritos, já dizia: "Nada ficará obscuro, tudo será revelado, porém no tempo certo." Assim, em nome de sua independência intelectual, aprenda a esperar. Se algo te inquieta, não reaja de imediato. Não se trata de aceitar injustiças ou calar por covardia, mas de preservar sua integridade, seu amor-próprio e sua inteligência.
Que tal, então, refletir sobre o verdadeiro sentido de estar certo? Será que estamos realmente em busca da verdade? Ou apenas cedendo à necessidade de provar algo – a qualquer custo? Pense nisso. Afinal, a luz da verdade não precisa de pressa; ela brilha mais forte quando chega no tempo certo.
Um Sonhador, Caminhando com Francisco: Paulo Roberto Savaris é autor de eBooks na Amazon e do Blog Caminhando com Francisco, dedicado à educação, à escrita inspirada na espiritualidade e nos valores de simplicidade e amor ao próximo.
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