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O Reino dos Espinhos e das Ilusões




Enquanto um trabalhador brasileiro sobrevive com R$ 1.518 por mês, representantes da elite econômica propõem congelar o salário mínimo por seis anos. Seis anos. Mais de 2.000 dias com o mesmo valor, enquanto o arroz, o feijão, o gás e a dignidade seguem subindo de preço.

Outros, dos mais altos tronos do sistema financeiro, ousam dizer que juros altos são ruins para os bancos — mesmo quando os cinco maiores bancos do país lucraram mais de R$ 145 bilhões em 2023, grande parte proveniente de créditos caros e rolagem de dívidas da população empobrecida. A contradição se revela cínica. O algoz se disfarça de vítima. E a plateia, anestesiada, aplaude.

Vivemos em um país onde os 5% mais ricos concentram o mesmo que os 95% restantes. Onde 19 milhões de brasileiros passam fome, e mais de 33 milhões estão em insegurança alimentar. E, ainda assim, os pobres são acusados de serem o problema — como se não quisessem trabalhar, como se fossem “acomodados”, quando na verdade são explorados.

A perversidade não está apenas nos números. Está no discurso. Está na crença de que o pobre é pobre por opção e o rico é rico por mérito. Como se não houvesse heranças, privilégios, acesso desigual à educação, ao crédito, à moradia, à saúde, ao tempo.

E quando o povo grita, não é ouvido. Quando questiona, é censurado. Quando defende seus direitos, é chamado de “massa de manobra”. O verdadeiro poder, esse que move os fios por trás do palco, permanece intocado — blindado por narrativas construídas com requintes de manipulação.

Pior do que a injustiça explícita é a inversão de valores normalizada. O pobre que defende banqueiro, que idolatra quem o explora, que vota em quem o ignora. O pobre que se julga momentaneamente rico, como quem compra um bilhete para o topo da pirâmide esquecendo que vive na base.

O Brasil não precisa de salvadores milionários com promessas fáceis. Precisa de consciência. Precisa de coragem. Precisa que os pequenos deixem de se ver como culpados — e passem a se reconhecer como protagonistas da mudança.

Até quando o Brasil vai tolerar essa farsa?

Acorda, Brasil. Ainda é tempo.


Falas que motivaram o escrito:




📊 Fontes:

  • Lucro dos 5 maiores bancos do Brasil em 2023: R$ 145 bilhões

  • Percentual dos 5% mais ricos: detêm quase 95% da riqueza nacional (IPEA, 2023)

  • Pessoas com insegurança alimentar no Brasil: 33 milhões (Rede PENSSAN, 2023)

  • Proposta de congelamento do salário mínimo por 6 anos (2024 a 2030): economia estimada para o governo, prejuízo incalculável para quem vive com o mínimo.


Um Sonhador, Caminhando com Francisco: Paulo Roberto Savaris é autor de eBooks na Amazon e do Blog Caminhando com Frrancisco, dedicado à educação, à escrita inspirada na espiritualidade e nos valores de simplicidade e amor ao próximo. https://www.caminhandocomfrancisco.com/



 
 
 

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