“DEUS TRABALHA PELA JUSTIÇA, O TEMPO TRABALHA PELA VERDADE”
O tempo dos homens sempre foi guiado pela cronologia, a medida concreta do tempo. Mas o tempo de Deus é diferente, ele é medido pelo Kairós, a vontade suprema divina que nos prepara para entendê-lo melhor. E às vezes, "perder" pode ser a verdadeira maneira de "ganhar" na vida.
Após onze árduos anos lutando contra a injustiça, julgamentos e críticas, e me recolhendo socialmente para refletir e me reconstruir, finalmente posso olhar para o futuro e aproveitar o tempo que tanto sonhei. Não há culpados, nem vencedores ou vencidos, apenas as minhas escolhas e a coerência interior que sempre busquei.
Durante os embates que atravessei aprendi valiosas lições. Fui confrontado com acusações infundadas e decisões levianas, orquestradas pelos servos daqueles que buscam dar fim à política e aniquilar seus oponentes. Em algumas ocasiões, me vi parando na vala dos "usurpadores do erário público".
Porém, o maior ensinamento que retirei dessa experiência foi que a vida é preciosa demais para ser simplesmente jogada fora. A bondade verdadeira advém da abnegação, da empatia e do amor ao próximo, sem esperar algo em troca. Em outras palavras, ela é algo inerente a todos nós, que pode ser praticada independentemente de posições de poder ou renome.
À medida que amadurecemos, nossas preocupações com a opinião alheia se desvanecem, dando lugar ao entendimento de que a maturidade é um processo longo e árduo. Combinar o conhecimento empírico e científico com a presença divina concede-nos a sabedoria necessária para refletir e compreender nossas ações, mudando o curso das nossas vidas. E mesmo neste tempo efêmero, encontrei inspiração na melodia dessa bela canção do Padre Zezinho, que retrata um pouco de minha jornada rumo a maior verdade - a vida é uma dádiva valiosa que deve ser celebrada, independentemente do que possa acontecer.
Pra não ferir ninguém
Eu vim te procurar
Alguém me machucou
E eu não pude nem chorar
Escuta meu Senhor
Escuta a minha história
Por mil caminhos e a sorrir
Eu procurei compreender
Nenhum irmão eu quis ferir
Eu só pensei em ajudar
Mas houve quem não entendeu
E destruiu o que eu ergui
E arrancou o que eu plantei
Desafiando minha paz
De tanto ouvir falar em Ti
Eu quis fazer como aprendi
Eu quis amar sem distinção
De todos eu me fiz irmão
Mas houve quem não entendeu
E disse coisas que eu não fiz
Eu tenho medo de esquecer
De me esquecer que sou feliz
Eu venho aqui pedir perdão
Se por acaso eu mereci
Sofrer tamanha ingratidão
Quando eu busquei sempre ajudar
Mas quem não entendeu fui eu
Que se esqueceu quem foi Jesus
Que fez um bem maior que o meu
E mesmo assim morreu na cruz
(Para que saiba perdoar - Pe Zezinho)
Com sinceridade e coração leve, peço humildemente perdão àqueles que possivelmente tenha ferido: seja pelas palavras que escolhi, pelos silêncios que optei, ou pelas decisões que tomei. Contudo, agradeço profundamente todos aqueles que sonharam comigo e buscaram com muito trabalho, competência e amor, transformar uma pequena parcela do mundo em um lugar melhor.
Expresso minha profunda gratidão também às pessoas que discordaram dos mesmos ideais que eu tinha. Foi graças as suas críticas que pude finalmente retomar minha carreira no mundo do ensino e vislumbrar possibilidades renovadas.
Devo mencionar, mesmo que nem sempre tenha concordado, meu sincero reconhecimento aos representantes imparciais, humanos e justos do sistema judiciário e do TCE. Eles demoraram, é verdade, mas finalmente conseguiram conceder-me a tão desejada alforria legal - algo que eu nunca havia perdido, mas que ficou perdido em meio à burocracia e à procrastinação.
Não posso deixar de expressar uma gratidão profunda e sincera aos companheiros de jornada política que me acompanharam durante todo o trajeto com lealdade e confiança. Aos funcionários públicos e colegas de trabalho que estiveram ao meu lado e me ajudaram a manter a ética e a justiça na gestão dos cargos e funções que ocupei. Aos amigos que, mesmo nos momentos de dificuldade, permaneceram ao meu lado, e principalmente, à minha família, que sempre encontrou forças para me dar apoio e esperança nos momentos mais difíceis.
Não poderia deixar de mencionar o meu brilhante advogado Everton Renato Guimarães, que acreditou e defendeu com determinação e competência os meus argumentos verdadeiros. E especialmente, à equipe médica que me auxiliou a superar a batalha contra a terrível depressão. Com a intervenção medicamentosa e o cuidado atencioso que recebi, pude recuperar a minha esperança pela vida.
Após superar todo o peso das feridas emocionais, a crescente poeira jurídica (em fase de assentamento) e a prisão financeira que por tanto tempo sufoquei, estou livre para novamente pôr em prática minhas paixões e convicções, visando um mundo melhor. Sinto-me renovado, de volta às raízes da minha essência, tal qual quando iniciei minha trajetória política em mil novecentos e noventa e dois, embora agora não mais como figura pública, senão como cidadão autônomo, prestando meu poder de decisão a todo e qualquer que busque um caminho rumo ao progresso pessoal e coletivo.
Tomo como inspiração as palavras de sabedoria que minha filha Maria Eduarda me disse uma vez: “Pai, se quisermos um mundo melhor, precisamos de pessoas melhores”. É com humildade e gratidão que encerro essa etapa de minha vida, buscando paz interior e harmonia comigo mesmo. Como dizia Castañeda, um guerreiro assume a responsabilidade por seus atos e sabe quando deve se retirar para recarregar
Cheio de amor e reverência, agradeço tudo o que vivi - com seus altos e baixos – ao longo de minha jornada. Por meio do Blog "Caminhando com Francisco", convido todos a caminharem comigo, seguindo os passos firmes e sábios de São Francisco de Assis, em busca da simplicidade, da humildade, da sustentabilidade, do meio de vida minimalista, do bem-estar físico, social e espiritual e da verdadeira felicidade.
Com carinho, agradeço a todos por terem me acompanhado até aqui, e desejo a todos a mesma sabedoria e coragem para enfrentar seus combates.
Paulo Roberto Savaris - Um sonhador Caminhando com Francisco (Professor aposentado, Chefe do NRE/FNB - 2015), Vereador (1993-1996) e Prefeito (1997-2000 e 2009-2012) do Município de Flor da Serra do Sul - PR. Esposo da Margarete, Pai da Ana Paula e da Maria Eduarda e avô do Thomas e do Noah.
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