No nosso dia a dia, é comum elogiarmos alguém por ser uma pessoa "boa" apenas por suas demonstrações externas de gentileza. Sorrisos constantes, apertos de mão firmes ou um tapa nas costas podem transmitir empatia e uma intenção positiva com relação ao próximo.
No entanto, é válido questionar se essas ações bondosas são autênticas ou simplesmente um reflexo de interesses ocultos. A situação se complica! Ser bom vai além de meras aparências. Ser bom é desempenhar nossas funções de maneira excepcional, ter atitudes que possam não ser visíveis, mas que impactem positivamente a vida das pessoas ao nosso redor.
Ser bondoso pode parecer uma inocência cativante, que traz boas energias para aqueles que se aproximam de nós. No entanto, justiça é algo mais exigente e está conectado a leis, tanto costumes quanto institucionalizados. Justiça não é apenas um ato benevolente, requer evidências de que nossas ações realmente tiveram um impacto significativo na vida das pessoas.
A questão é: justiça e bondade podem ser comparadas ou são essencialmente diferentes? Seria possível que a bondade seja apenas um subproduto da justiça ou são duas entidades independentes? É interessante pausar e refletir sobre isso. A bondade pode ser vista como uma questão de escolha pessoal, um ato individual de fazer o que é correto. Por sua vez, justiça é um conceito mais abrangente, que envolve a busca pela igualdade, equidade e correção de injustiças. Aqui está a diferença crucial: enquanto a bondade pode ser uma qualidade inerente, a justiça é uma responsabilidade social.
Talvez a resposta esteja na união dessas duas ideias. Talvez a verdadeira bondade seja aquela que busca e promove a justiça. Afinal, ser apenas superficialmente bom não é suficiente. Precisamos ir além, ser ativos na construção de um mundo mais justo e igualitário. Desse modo, a bondade não garante que estaremos fazendo justiça, pois podemos ser bons para alguns à custa de outros.
Nesse sentido, a bondade pode ser injusta, uma vez que, quando praticada de forma irrefletida, pode se tornar prejudicial e superficial. Afinal, aqueles que recebem nossa bondade sempre serão em menor número do que aqueles que clamam por justiça, que é representada pelos fatos e não por suposições. Antes de classificar alguém como bondoso, precisamos nos perguntar se essa pessoa também é justa.
Por meio dessa reflexão, evitaremos nos tornar como os fariseus nos tempos de Jesus, que exibiam roupas elegantes e faziam doações em praça pública para demonstrar bondade, mas escondiam corrupção em seus pensamentos e mantinham jogos de interesses internos em suas casas.
Eles viviam no luxo, consumindo muito vinho e tirando proveito do sofrimento do povo. Jesus combateu isso veementemente, valorizando a viúva que, mesmo com pouco, deu tudo o que tinha.
Devemos estar alertas e não nos deixarmos encantar por ideologias ou líderes que se mostram bons nas redes sociais, mas usam a caneta para atacar seus oponentes, que passeiam em "possantes" e fazem doações apenas para se promoverem. Assim como aqueles que dormem em camas confortáveis enquanto muitos outros dormem em condições precárias e dependem de auxílios sociais para alimentar seus filhos.
Portanto, da próxima vez que elogiarem alguém por ser "bom", não ceda apenas às aparências. Procure enxergar a verdadeira essência e motivação por trás dessas ações. A verdadeira bondade está muito mais relacionada à busca e à prática da justiça do que a gestos superficiais.
Em última análise, podemos concluir que bondade e justiça não são iguais, mas sim complementares. Ambas são necessárias e devem andar juntas para criar um mundo melhor, como afirmou Mahatma Gandhi.
Um Sonhador caminhando com Francisco
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