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HISTÓRIAS DA VILA DO POVO FELIZ (40) - FAMÍLIA PERONDI (1)


Com a prosperidade econômica da Vila, impulsionada pela indústria madeireira e a crescente agricultura, não apenas garantiram a subsistência, mas também vislumbraram oportunidades de desenvolvimento socioeconômico.

Muitos se aventuraram no comércio, buscando ampliar o acesso a bens de consumo e expandir a venda de suas produções.

Com estradas melhoradas, veículos mais eficientes e novos mercados como Ponta Grossa, São Paulo, Irati, Itapitanga, Chapecó e Concórdia, as possibilidades se multiplicaram.

O trigo era beneficiado em Marmeleiro, normalmente através de trocas comerciais, onde os agricultores entregavam sua produção bruta em troca de uma porcentagem de farinha, armazenada e distribuída de acordo com suas necessidades.

Naquela época, as compras eram realizadas em grandes quantidades, devido ao fato das famílias serem numerosas e as contas serem acertadas anualmente.

Era comum ver sacos de farinha de trigo, sal e açúcar, latas de querosene e peças de algodão para confecção de roupas sendo adquiridos.

Em meio a esse cenário, uma família com raízes no Rio Grande do Sul e uma passagem por Santa Catarina, iniciou uma jornada marcante.

Essa família, dividida em diversos clãs e com parentescos próximos, chegou à Vila nos anos 60 e 70, deixando uma marca que perdura até hoje.

Ruas levam seus nomes e muitos dos corajosos empreendedores que ajudaram a desenvolver a região ainda estão presentes. Assim, o lugar que antes era conhecido pela sua simplicidade, hoje resplandece como uma cidade cheia de vitalidade.

O líder visionário desse clã pioneiro tinha um paladar peculiar, apreciando ovos cozidos em conserva de vinagre, cerveja com um toque de óleo de soja e era imbatível na arte da bocha.

Além disso, apreciava uma boa dose de cachaça, esbanjando generosidade ao sustentar sua extensa família e criar oportunidades de emprego.

Com sua chegada, adquiriu grande parte do território que hoje constitui o centro urbano da Vila, originando o Distrito, cujo nome de seu pai é reverenciado na principal avenida da cidade.

Ergueu um império comercial completo, incluindo chiqueiro, armazém e a renomada loja de secos e molhados, onde os moradores podiam encontrar desde fogões a lenha até artigos de vestuário e utensílios.

O tom azul predominava tanto na arquitetura quanto na caminhonete F-350 utilizada para coletar suínos na região.

A Vila se tornou uma referência, atraindo clientes de cidades vizinhas como Barracão, Dionísio Cerqueira, Palma Sola, Marmeleiro e Salgado Filho graças à sua próspera estrutura comercial.

Hoje, ao olharmos para trás, é difícil acreditar na grandiosidade dessa realidade. Contudo, assim era a Vila, um local movimentado que oferecia diversão com jogos de bocha, bailes e cinema, além do orgulho do time de futebol local.

Uma era em que a genialidade comercial e o espírito empreendedor brilhavam intensamente, transformando a Vila em um lugar único e próspero.

A prosperidade da nossa querida Vila era impulsionada pela geração de empregos na indústria madeireira e no comércio.

Com tempo essa família pioneira, com visão futurista, decidiu investir na venda de terrenos, que só foram legalizados nos anos 80 com a criação do Distrito. Esse empreendimento bem-sucedido abriu caminho para a criação tranquila do Município nos anos 90.

Mesmo em tempos sem energia elétrica e acesso limitado, o desenvolvimento e as oportunidades para todos não foram barrados.

Solidariedade e visão de futuro foram os pilares que sustentaram essa Vila. Com o passar do tempo, as mudanças no cenário local, como a mecanização da agricultura e a crise na suinocultura, levaram muitos a buscar oportunidades em outros lugares.

Enquanto o proprietário do loteamento se retirou para uma propriedade rural, seus filhos seguiram caminhos diferentes.

Um dos membros dessa família serviu com destaque no Exército em Brasília, fez parte do time de futebol local e posteriormente fundou sua própria empresa de seguros.

Enquanto isso, outros irmãos seguiram carreiras como motoristas e professoras. Estas são algumas das lembranças que tenho, embora haja a possibilidade de alguém ter sido esquecido.

Infelizmente, um dos entes queridos dessa adorável família, carinhosamente chamado de "Paçoca" na Vila, já nos deixou.

Na década de 80, com a decadência da vila e o impulso do filho no ramo de seguros, a família se mudou para Francisco Beltrão e abriu um mercado bem-sucedido.

Após anos de sucesso, o casal idoso vendeu o negócio e partiu, deixando um legado de conquistas e superação.Essa história é um testemunho da força e da resiliência dessa família, que soube enfrentar desafios e alcançar o sucesso, sempre mantendo suas raízes na Vila que tanto amavam.

Relembrar essa família pioneira é marcar de forma definitiva a importância daqueles que se dedicaram incansavelmente em busca de um propósito.

O sucesso, especialmente na juventude, é garantido quando se tem um objetivo claro. Ao compreender a cronologia do tempo, entendemos que as dificuldades eram imensas, mas eram superadas pelo espírito de fé e trabalho árduo.

A família desta narrativa, através de sua precursão, inaugura a história desse clã que será contada ao longo dos próximos capítulos da Vila.

Sou profundamente grato pela amizade de um de seus filhos, esse colorado dedicado, meu ídolo do Botafogo local, que lembrava o estilo de Valdomiro do Internacional nos anos 70.

Em 1978, participei de um jogo épico como uma criança e torcedor no Campeonato de Palma Sola. Nossa equipe saiu vitoriosa, conquistando um título de grande importância.

O momento mais marcante foi quando a equipe enfrentou o time da Linha Paraíso e conseguiu um empate improvável.

A única jogada de gol foi quando o nosso Valdomiro da Vila chutou a bola e ela bateu no travessão, ficando gravada na memória de todos.

Mas o que mais gerou polêmica foi o fato dos atletas terem saído de um baile direto para o campo, o que afetou o desempenho.

Os mais velhos não perdoaram e fizeram questão de criticá-los. Mas no final, o campeonato foi de todos e a zoeira também.

Este homem, cheio de coração e vitalidade, desempenhou um papel fundamental na família, sempre pronto a socorrer nos momentos de necessidade.

Seu Joanim Belini, com sua simplicidade encantadora, sempre lhe cumprimentava com um carinhoso "200 anos Miltinho", um gesto que com certeza lhe deu forças durante os momentos difíceis de sua batalha contra a dengue.

Esta família simboliza as lutas e conquistas de tantas outras, e sua história merece ser conhecida e valorizada.

Cada parte dessa jornada foi construída com esforço e dedicação, e aqueles que não compreendem isso perdem o direito de contestar. A obra que representa o legado dessa família não é fruto do acaso, mas sim do trabalho árduo e do comprometimento constante.

Observar essa narrativa é permitir-se homenagear a todos aqueles que um dia escolheram este lugar como lar.

Essa família representa de maneira incontestável as batalhas travadas por tantas outras para conquistarem seu espaço e proporcionarem uma vida digna aos seus entes queridos.

É crucial que a história seja conhecida, de forma que aqueles que vivem no presente não sejam alienados por banalidades e acreditem que tudo aconteceu por mero acaso.

A auto-suficiência de muitos impede que percebam que tudo é fruto de um longo processo de construção, onde cada um desempenha seu papel.

Aqueles que consomem essa conquista sem compreender sua origem se tornam meros coadjuvantes na trama da história, perdendo, assim, o direito de contestar.

A obra que representa o legado não é mera ilusão, mas sim uma realidade a ser reconhecida.


Um Sonhador Caminhando com Francisco - Escritor do blog https://www.caminhandocomfrancisco.com/


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