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HISTÓRIAS DA VILA DO POVO FELIZ (39) - FAMÍLIA BARBIERI

Foto do escritor: caminhandocomfrancisco.com/ caminhandocomfrancisco.com/

A fascinante saga da família que encantava a pitoresca Vila do Povo Feliz com seu talento no futebol sempre foi um tema de grande interesse.

O esporte era uma verdadeira paixão na comunidade, especialmente o tradicional futebol, que podia ser praticado com uma simples bola improvisada e dois postes como traves.

As rivalidades entre os times locais, como os de camisa x sem camisa ou os da parte alta x parte baixa da vila, eram sempre acirradas.

Além do futebol, outros esportes também tinham seu destaque na Vila, como as rinhas de galo e as corridas de cavalo, que eram apreciadas pelos mais antigos como um passatempo emocionante.

Lembro-me das histórias sobre as corridas de cavalo na região fronteiriça e das canchas improvisadas para essas competições na nossa vila.

As artimanhas e trapaças que aconteciam nos bastidores desses eventos eram lendárias, desde a troca de animais até a pintura dos mesmos para confundir os apostadores.

Os antigos jogos de luta entre galos e a prática bárbara de tentar acertar a cabeça de um pato com os olhos vendado, com o animal ainda vivo e enterrado até o pescoço, eram considerados verdadeiros espetáculos, chegando a ser realizados em locais públicos.

No primeiro evento do CTG da Vila, essas práticas controversas estavam presentes, juntamente com outras brincadeiras hoje consideradas inaceitáveis.

No entanto, também havia atividades mais inofensivas, como subir no pau de sebo, sete baiano e roleta, que faziam parte da diversão da época.

A Vila do Povo Feliz era um lugar cheio de histórias e tradições peculiares, onde o esporte e as brincadeiras faziam parte do cotidiano de seus moradores.

Era um tempo em que a criatividade e a diversão se misturavam de forma única, deixando lembranças inesquecíveis para aqueles que vivenciaram aqueles momentos.

A família retratada nesta história era apaixonada pelo esporte. O Patriarca, mesmo que eu nunca tenha conhecido pessoalmente, era um entusiasta das corridas de cavalo, levando sua paixão a um nível quase profissional.

Quando morava na linha Tracutinga, nos anos 50, a estrutura urbana daquela comunidade era superior à da Vila Flor da Serra, o que pode ser difícil de acreditar considerando o atual cenário.

Ele transformava as corridas em um verdadeiro espetáculo, com disputas bem organizadas e rivais tradicionais.

Os dias de competição eram marcados por festas, churrascos e muita animação, porém nem sempre terminavam bem devido a conflitos entre perdedores e apostadores armados, que não aceitavam a derrota.

Com o passar do tempo, os filhos e filhas da família se casaram com membros de outras famílias da vila, expandindo a família e contribuindo para o desenvolvimento da comunidade.

Alguns dos filhos se destacaram como habilidosos jogadores de futebol, especialmente um que, infelizmente, faleceu jovem.

Mesmo atuando como motorista de caminhão em Salgado Filho, ele ainda mostrava seu talento como zagueiro veterano, lembrando a habilidade de Mauro Galvão combinada com a força de Figueiroa e Anchieta, lendas do futebol gaúcho dos anos 70.

Era um verdadeiro mestre da habilidade com a bola e do controle do volante, transformando suas tarefas em verdadeiras obras-primas, sempre com cuidado e determinação.

Um dos filhos desse vigoroso zagueiro, trabalhou em uma empresa pública por um tempo na cidade já estabelecida e também trazia o talento esportivo do pai como herança.

O filho mais velho dessa família ficou conhecido como o taxista do fusca laranja e mais tarde como motorista de caminhão, passando anos na Vila antes de se mudar para Palma Sola.

Infelizmente, ele faleceu, mas seus familiares seguiram seu legado, desempenhando seus trabalhos de forma exemplar.

Uma de suas filhas, para ilustrar, desempenhou um papel vital como voluntária durante a recente tragédia provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, evidenciando a importância da compaixão e o impacto duradouro da educação recebida dos pais nas ações na vida adulta.

Outro filho dessa família também partiu cedo, em um trágico acidente de caminhão, comum na época de transporte de madeira.

Hoje, uma rua em frente à Unidade de Saúde da cidade leva seu nome, lembrando seu casamento com uma professora e seus dois filhos pequenos deixados para trás.

Esses meninos, seguindo a tradição familiar, se destacaram no futebol da Vila, embora o mais velho também tenha nos deixado.

Lembro-me com carinho da minha professora adorável, com sua caligrafia impecável e o jeito único de apontar o lápis com uma gilette.

Sua voz firme e o hábito de segurar um cigarro eram características marcantes dos professores daquela época.

As mulheres, ah, as mulheres! São tantas que posso acabar esquecendo de algumas em minhas memórias, detalhes que minha mente pode deixar escapar.

Uma delas, uma das mais velhas, cuja história da família após o casamento já contei, sempre foi alguém com quem eu tinha uma grande proximidade.

Ela adorava dançar uma valsa, e eu sempre me sentia feliz em dançar com ela, tamanha era sua simpatia e leveza.

Nos anos 80, essa senhora foi morar no local onde morava uma irmã, que também conheci os familiares, os quais depois se mudaram para Realeza.

Todos eram apaixonados por futebol e tinham grandes habilidades. Lembro-me dos jogos disputados em um campo de futebol em sua chácara nos finais de semana, sendo que alguns desses familiares estudaram comigo.

Em uma festa junina, dancei uma apresentação com uma das meninas, e os versinhos que improvisamos naquela noite ainda ecoam na minha mente, engraçados e fortes.

O pai dessa família, mesmo veterano, adorava jogar como zagueiro no time B do Botafogo Local, vestindo uma camisa verde, traje da equipe que parecia não fazer muito sentido, mas que provavelmente veio de uma doação, em tempos em que tudo era mais difícil.

A cumplicidade e o tom divertido daquela época, graças aos instrutores de dança Darci e Liria Maciel, permanecem vivos em minhas lembranças, sem afetar emocionalmente.

Uma das filhas dessa família tradicional da vila era casada com um senhor de outra família tradicional, e eu os conheci durante a época em que atuavam na atividade hoteleira, onde hoje funciona uma empresa de materiais de construção.

Lembro-me claramente do assador chamado Mandu, e dos colegas mecânicos com quem trabalhei como aprendiz em 1978 na Oficina do Otimir.

Eles ficavam alojados no hotel, já que eram solteiros. O dono do hotel circulava pela vila em seu fusca azul e tinha um jeito peculiar de pedir uma cerveja Skol, chamando-a de "escoleta".

Após o encerramento das atividades hoteleiras, os filhos do casal passaram a trabalhar como motoristas na empresa de um cunhado, como já narrei em meu blog.

Mais tarde, seguiram caminhos diferentes em busca de crescimento econômico e suas independências.

Infelizmente, o senhor faleceu após um período de convalescença, seguido pela morte da simpática senhora. Os filhos continuam suas vidas, sendo a que a filha ainda mora na hoje cidade e tendo recentemente perdido o marido.

Os homens, não tenho informações sobre onde estão vivendo, mas sem dúvida mantêm uma relação cordial com parentes e amigos.

É importante destacar que eles não só fizeram suas marcas no esporte local, como também ajudaram a manter a chama acesa da tradição de excelentes atletas na família.

Outra integrante desta notável família, casou-se com um funcionário de uma madeireira local. Após o fechamento da empresa, mudaram-se para Salgado Filho, onde ela trabalhou em uma escola.

Infelizmente, partiu de forma prematura. Em conformidade com a tradição, seu filho brilhou como atleta e agora ocupa um cargo público estadual.

Ele também é genro de um querido amigo que já nos deixou e que compartilhou por muitos anos a vida no meu sítio.

A filha que ainda vive, cuja história do seu clã foi a primeira que compartilhei no meu blog, agora com mais de 80 anos, reside em Francisco Beltrão ao lado das suas queridas filhas.

Mesmo enfrentando inúmeras dificuldades de saúde, ela nunca perdeu a fé inabalável que, aliada ao apoio das suas filhas, a ajudou a superar a doença e a desfrutar da companhia dos netos, vivendo em total harmonia com os valores transmitidos pelos seus pais e familiares.

Assim como as outras famílias da Vila, esta família experimentou altos e baixos, mas nunca perderam a determinação de lutar e a fé de enfrentar os desafios que a vida lhes apresentou, seja de natureza material ou de saúde.

Em vez de se deixarem abater, transformaram cada obstáculo em uma oportunidade de crescimento e aprendizado, seguindo sempre em frente com determinação e sabedoria.

No passado, as dificuldades econômicas e a falta de acesso aos serviços eram mais intensas, porém a solidariedade e a convivência próxima entre as pessoas supriam essas carências.

O empréstimo de bens, a troca de produtos e serviços eram práticas comuns que garantiam a sobrevivência de todos, evitando a desnutrição e a falta de moradia.

Cada indivíduo encontrava maneiras criativas de enfrentar as privações, construindo grandes famílias e superando desafios.

Os antepassados, sobretudo os patriarcas, certamente enfrentaram inúmeros desafios ao atravessarem os estados do sul do Brasil, do Rio Grande do Sul até Santa Catarina e Paraná.

Essa jornada era marcada por independência, mas também por sofrimento, desde a viagem até a adaptação em novas localidades.

A exploração da madeira como meio de produção impulsionava a economia local, gerando empregos e impulsionando empreendimentos comerciais.

Apesar das adversidades, a fé e a determinação em progredir prevaleciam sobre os obstáculos.

A alegria de viver era encontrada na carreira de cavalos e no futebol, honrando tradições e mantendo viva a chama da esperança.


Um Sonhador Caminhando com Francisco - Escritor do blog https://www.caminhandocomfrancisco.com/


 

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Guest
Jun 07, 2024
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Família maravilhosa.

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