
Revelando uma essência divina em sua sincronia incomparável. Eles foram escolhidos por algo maior, trazendo ao mundo uma simplicidade encantadora com base em exemplos marcantes de suas origens familiares e na energia empática que compartilhavam.
Como personagens de uma história única, uniram-se em amor profundo e compreensão, transformando-se em uma obra de arte em forma de casal. O patriarca, com seu nome Gentil, fez de sua amada uma verdadeira Glória, trazendo momentos de felicidade que ecoaram além das palavras.
Surgiram do solo do Rio Grande do Sul, como pequenos agricultores em busca de um lar acolhedor para os filhos que estavam por vir.
Em meio à terra íngreme e pedregosa, enfrentaram desafios que demandavam força e determinação. Derrubaram a mata, retiraram as pedras e cultivaram feijão, trigo, milho....
Em meados dos anos 50, essa família, como tantas outras, chegou à Vila do Povo Feliz, pronta para uma jornada repleta trabalho árduo e conquistas gloriosas.
Inspirados pela audácia e confiança, munidos do livro sagrado e do terço como símbolos de proteção, avançaram com determinação e otimismo, espalhando gentileza e amor em meio às adversidades, derrubando obstáculos com coragem e perseverança. Eles sabiam que, com fé e união, não estavam sozinhos nessa jornada de superação.
Em meio a uma família numerosa, a polenta alimentava a todos, as reservas de carne de porco e galinha mantinham a despensa cheia, o milho e trigo armazenados, o salame o queijo e barris de vinho no porão.
Era uma vida de trabalho árduo, mas de sentimentos nobres e tradições preservadas com orgulho. E assim, com muita dedicação, essa família construiu um lar que era mais do que uma simples casa, era um refúgio de amor, fé e união.
A casa, construída em madeira nativa, era imponente e sem nenhum vestígio de tinta. Os cômodos eram divididos de acordo com o gênero dos seus ocupantes: quarto dos pais, das meninas e dos meninos, uma espaçosa sala, cozinha e uma área de convivência.
O assoalho reluzia como um espelho, devido ao meticuloso processo de enceramento e polimento, que incluía o constante movimento dos panos sob os pés.
Os colchões eram de palha, as camas tinham estrado de molas, e as cobertas eram feitas de lã de ovelha, com travesseiros recheados de penas de galinhas.
Essa família seguia à risca as tradições italianas, garantindo uma vida de conforto limitado, porém com boa alimentação. Roupas e sapatos eram itens escassos, reservados apenas para ocasiões especiais, já que a matriarca era habilidosa o suficiente para confeccioná-los em casa, utilizando a fazenda comprada em metro.
Essa família, sem dúvida, valorizava a simplicidade e a qualidade, seguindo a tradição italiana para garantir um estilo de vida equilibrado, mesmo que com pouco tempo de lazer.
Relembrar esse casal e seus entes queridos é como abrir uma porta para um pensamento profundo e espiritual. Eles já descansam no sepulcro, juntamente com alguns dos familiares. Esta história é um testemunho do poder do amor em superar desafios e transcender a materialidade.
A memória da matriarca é vívida em minha mente, mesmo tendo conhecido o nono e ter o visitado durante sua convalescença.
Participar de um mutirão com o Grupo de Jovens para limpar o plantio de milho foi uma experiência inesquecível. Recebemos um generoso café da tarde da amável senhora e sua filha, cujo nome é remete à mãe do Imperador Constantino, responsável por introduzir o cristianismo no Império Romano a pedido de sua mãe.
Confesso que minhas habilidades com a enxada deixaram a desejar, mas o importante foi demonstrar solidariedade como jovens a uma família que passava por um momento difícil devido à doença do patriarca.
Apesar da tristeza pela perda do patriarca, a senhora idosa continuou sua jornada com seus filhos e a filha que ainda morava com ela, que ajudavam nos trabalhos agrícolas junto com seus filhos casados que moravam por perto.
A filha mais nova, alegre e encantadora, deu um grande passo ao casar-se e se mudar para a divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mesmo enfrentando a perda precoce de seu esposo, ela parece estar bem.
Entre os filhos que ainda residiam com os pais, um era muito famoso na Vila, conhecido por sua agilidade e simpatia ao entregar ovos, queijo, manteiga... para os clientes.
Mesmo com suas limitações intelectuais devido a uma paralisia, ele era admirado por todos por sua gentileza e empatia.
Além disso, ele também trazia chapéus de palha feitos pela sua talentosa mãe, que eram verdadeiras obras de arte. Minha mãe guardava algumas dessas peças em nossa casa, e após a passagem dela, a neta dessa artesã ficou com um chapéu como lembrança da avó.
Recordar dessa senhora é se conectar com um ser angelical, com seus olhos ternos e sua maneira apressada, porém alegre, de falar o português com sotaque italiano. Ela era, sem dúvida, uma pessoa repleta de virtudes divinas, tornando-a verdadeiramente especial.
Sou imensamente grato pelo belo presente que recebi ao assumir meu primeiro mandato como Prefeito: um crucifixo dourado que adornava a parede do meu gabinete, simbolizando a retidão e as responsabilidades que o cargo exigia, especialmente no que diz respeito aos mais humildes.
Seus olhos sempre guiaram minhas ações e as de nossa equipe, apesar dos erros e desafios inerentes ao serviço público sob diferentes perspectivas.
Nem sempre todos buscam o bem coletivo, já que uma parcela da sociedade age em benefício próprio, apesar do discurso contrário.
Nessas situações, apenas os olhares mais atentos conseguem compreender as verdadeiras intenções por trás das palavras não ditas, mas desejadas.
Indubitavelmente, essa senhora era capaz de compreender muito mais com seu olhar sublime do que muitos eruditos. Mesmo sendo apenas uma simples serva e mãe de família, ela deixou um legado de amor e acolhimento por onde passou.
Como tudo na vida tem um fim, essa mãe amorosa partiu deste mundo para morar ao lado de Deus Pai, ao lado de seu gentil companheiro.
Ela partiu feliz, deixando histórias para serem contadas, feitos realizados e filhos que honram sua memória. Uma de suas filhas, que seguiu por um tempo a missão de freira, contribuiu significativamente para a religiosidade da família e dignificou o legado recebido dos pais.
Atualmente, essa senhora reside na cidade, mantendo-se em constante comunhão com Deus, mostrando que Sua presença perdura naqueles que permitem-se ser tocados por Sua generosidade.
Infelizmente, durante a devastadora pandemia de COVID, dois dos filhos dessa querida família foram tirados prematuramente de nossas vidas, vítimas desse vírus cruel que os atacou antes mesmo de a vacina estar disponível.
Ao deparar-me com perdas como essa, questiono a responsabilidade dos gestores públicos, ponderando se uma ação mais rápida na vacinação poderia ter evitado tantas vidas preciosas perdidas.
É triste ver muitos líderes presos em seus próprios pensamentos e critérios subjetivos, negligenciando aqueles que dependem do seu trabalho.
No entanto, essa questão é profundamente complexa e exige uma análise minuciosa – talvez somente a razão e a intervenção divina possam esclarecer, já que temos o livre arbítrio para acreditar, discordar ou simplesmente aceitar.
Viajar no tempo e revisitar o passado é uma oportunidade única para reverenciar as realizações daqueles que vieram antes de nós. Muitas lembranças se perderam ao longo dos anos, mas algumas delas permanecem vivas em nossas memórias.
Do casal respeitável, destacam-se especialmente duas filhas: a mãe de uma querida amiga da adolescência e a vizinha cujo marido era sócio dos meus pais no setor de transportes.
Ambas sempre se mostraram generosas e solidárias, qualidades que, sem dúvida, herdaram de seus pais. Lembro com saudade de como a minha irmã mais velha foi acolhida na casa de uma delas quando precisou se mudar para outra cidade para estudar.
No passado, ajudar o próximo era algo natural, sem exigir nada em troca. A solidariedade era cultivada com amor e desapego, confiantes de que o que plantávamos iria gerar frutos no futuro, mesmo que não fossemos nós a colhê-los. Era uma forma genuína de fazer o bem, sem esperar recompensas imediatas.
Já a filha mais velha desta casa, que infelizmente nunca tive o prazer de conhecer. Sei que ela era casada com o primeiro cartorário da Vila, pertencente a uma família cuja história já contei em detalhes e que hoje reside no Rio Grande do Sul.
Conheci os outros membros da família, desde o filho mais velho, que meu irmão costumava visitar nos fins de semana para pescar e caçar com um dos netos do casal.
Bem como os filhos mais novos, que ainda residem na propriedade de seus amados pais, um deles perdeu de forma precoce sua amada esposa, uma devota e fiel servidora da igreja, cuja narrativa de sua família já contei, já o mais novo vive no mesmo ambiente de seus pais, junto com sua esposa, cuja história já foi narrada
Falar sobre essa família é estar em sintonia com valores essenciais como o serviço e a solidariedade, seja no trabalho em comunidade ou dentro do núcleo familiar.
Eles buscam constantemente maneiras de se tornarem mais empáticos e prestativos com o próximo.
Relembrar toda essa história GENTIL e cheia de GLORIA, me faz refletir sobre nossa insignificância diante dos desafios do passado.
Enquanto as dificuldades e conquistas eram grandiosas, a vida se construía com simplicidade e honra, como uma fortaleza sendo erguida pedra por pedra. Cada membro contribuía com seus conhecimentos e capacidades, sem julgamentos ou idolatrias exageradas.
As conquistas eram frutos do trabalho árduo e da fé, sem a interferência das redes sociais ou líderes influenciando as decisões familiares. Suas referências eram a figura de um ser crucificado, uma madona no oratório, a Bíblia e as tradições transmitidas ao longo das gerações.
Um Sonhador Caminhando com Francisco - Escritor do blog https://www.caminhandocomfrancisco.com/
Comments