Asas para Voar: Você é Periquito ou Águia?
- caminhandocomfrancisco.com/
- 29 de abr.
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Escolher entre criar uma águia ou um periquito é mais do que uma decisão prática — é um convite a mergulhar na essência do que desejamos para aqueles que amamos e, talvez, para nós mesmos.
À primeira vista, como sussurra a sabedoria popular, a águia exige preparo, vastidão e atenção aguçada. O periquito, em sua doçura doméstica, pede menos: uma gaiola colorida, alguns cuidados diários, e o som familiar dos dias que se repetem. Mas, na dimensão do símbolo, há uma diferença abissal: ao escolher o periquito, talvez estejamos, sem perceber, limitando voos que nunca serão dados.
Quantos de nós, na ânsia de proteger, acabamos por fechar janelas? Quantos, no medo do mundo lá fora, erguemos grades douradas? Controlamos as saídas, dosamos as alegrias, escolhemos com lupa os amigos. E assim, na tentativa de preservar, empobrecemos a vida que deveria florescer.
É verdade: criar um periquito parece mais fácil. Menos preocupações, menos quedas. Mas criar uma águia é para os de coragem — requer disciplina sem rigidez, orientação sem imposição, amor que liberta e presença que ensina. Exige que os próprios pais se tornem aprendizes: de livros, da vida, das perguntas sem resposta, dos silêncios cheios de significado.
No fim, cada coração terá de responder: deseja manter o periquito sempre sob sua asa, prisioneiro de um amor que sufoca, ou criar a águia que partirá — forte, ousada —, traçando seus próprios céus?
E então, querido leitor:Você cria periquitos ou águias?E a si mesmo — tem se permitido voar?
É doce, sim, ter os periquitos sempre por perto. Vê-los cantar, alegrar a casa, sentir o calor da dependência. Mas será justo impedir o voo? Negar o horizonte? Aprisionar o sonho em uma gaiola, mesmo que de ouro?
A grande arte está em ensinar o voo: mostrar limites com firmeza serena, oferecer o afeto que não prende, mas impulsiona, estar presente de verdade, cultivar valores como quem planta carvalhos para as futuras florestas.
São esses gestos pequenos — quase invisíveis no dia a dia — que, somados, moldam grandes águias. Aquelas que, quando finalmente abrirem as asas, levarão consigo a melhor parte do que fomos, sem deixar de ser plenamente quem são.
Professora Clediane - Escritora do blog https://www.caminhandocomfrancisco.com/
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